Os Ianomâmis constituem um grupo linguístico que habita terras do Brasil (estados de Roraima e Amazonas) e Venezuela. Na porção brasileira, concentram-se principalmente ao longo dos rios Auaris, Parima, Urariquera, Mucajaí, Catrimâni, Demini e afluentes. Ocupam áreas montanhosas ou não, sendo que nas primeiras, costumam desenvolver sua lavoura, principalmente em serranias representadas por rochas básicas e ultrabásicas (gabros, peridotitos, piroxenitos, etc.) cuja alteração fornece um solo com aptidão à agricultura. Sendo assim, é comum observarmos por via aérea ou em produtos de sensoriamento remoto, vários desmatamentos circulares nos sopés daqueles tipos de serras.
Mantêm uma cultura muito peculiar e que os diferenciam de outros grupos linguísticos. O fato de habitarem uma grande fatia de terra (96.650 km2) respalda em sua área territorial a concentração de alguns bens minerais (ouro, cassiterita, sulfetos e terras-raras), o que tem evocado constantes debates sobre a legalidade ou não da extração mineral por parte de mineradoras. Essa ameaça se fez sentir no período de 1987 a 1991 quando o oeste de Roraima se deparou com uma desenfreada corrida de ouro e cassiterita, tendo à frente a abertura de mais de 160 pistas de pouso por parte de garimpeiros. Na ocasião, a zona fronteiriça entre Brasil e Venezuela, na serra Parima, foi palco de duvidosas ações por parte do exército venezuelano, já que muitos quilômetros de linha fronteiriça deixavam em dúvida a quem o território garimpado pertencia.
Um estudo de interpretação por foto-aérea e imagens de satélite veio apontar irregularidades no traçado de alguns trechos de fronteira (Santos & Reis 1992), tendo provocado a retomada de medidas de segurança através do adensamento dos marcos de fronteira pela Primeira Comissão Demarcadora de Limites - PCDL e a comissão venezuelana, em extenso trecho da serra Parima. Na época, os marcos mantinham um distanciamento de aproximadamente 3 km.
Medidas tomadas no início do Governo Collor levaram à desocupação da área Ianomâmi pelos garimpeiros, além da destruição de um grande número de pistas que serviam de apoio às frentes de garimpo. A área passou oficialmente a pertencer aos Ianomâmis (homologação).
Nos cabe refletir sobre os rumos que o planeta Terra vem tomando, sobre as grandes áreas de desmatamento e desertificação e na velocidade com que o homem vem depredando o meio ambiente. E até que ponto é racional pensar em sustentabilidade, se a ambição e o desejo de se fazer fortuna superam quaisquer premissas sobre a preservação animal e de seu habitat.
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