
Pé no barro. Ou melhor, na lama. Ou pior na argila. Rodando em plagas amazônicas, dessa vez no sudeste do Amazonas, ou melhor, próximo de Apuí e município de Novo Aripuanã, na bacia do rio Madeira, um dos afluentes direito do rio Amazonas. Havia uma "fofoca", um termo utilizado no meio garimpeiro e equivalente a uma "corrida alucinada atrás do minério", em algum ponto do rio Juma. O minério era o ouro! Lá fui eu percorrer uma área que parecia de ninguém, mas que parecia também de todos. Uma AM-174 que liga Apuí a Novo Aripuanã e mais uma vicinal até a beira do Juma. Lama nos barrancos pra' se chegar até as "voadeiras", uma espécie de táxi fluvial para transporte de pessoal e material. E vale levar tudo. Menos a mãe. Aí se chega no garimpo. A entrada é pela currutela, "a sede ou o palácio do Planalto do garimpo". É um avenidão de lama com um variado comércio que vai da elementar cachaça a aparelhos sofisticados como um GPS. Música alta, brega e senhoras, senhoritas e anciãs disputando o calçadão junto a pedaços de carne sobre uma mesa de tábuas de madeira. A carne é cortada à machadadas. Sorriso na cara do comprador de ouro junto a sua balança de precisão. Esperança no ar. Fui adentrando na área e percorrí várias trilhas enlameadas e por vezes com forte odor de mijo. Talvez alguma parada pra' descanso. De repente a mata se descobre e uma buraqueira infernal é disputada palmo a palmo por escavadores, bateadores (uso da bateia, uma ferramenta metálica circular em forma de chapéu de chinês e onde se faz a "apuração" do metal através de movimentos circulares bidirecionais e interrompidos), carregadores e toda sorte de pessoas que indiretamente dão suporte à atividade. Água fresca é escassa, pois todas as fontes tornam-se gradativamente poluídas por pessoas que quase chafurdam no chão. Redes recolhidas ou não em todos os lugares. É esse o clima do garimpo. É uma experiência onde a cada dia novos fatos acontecem. E você, have you ever been similar experienced?


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